Políticas de formação docente na Bahia: Uma análise a partir de pressupostos da teoria social de Habermas

Authors

  • Daisi Teresinha Chapani professora adjunta da UESB
  • Lizete Maria Orquiza de Carvalho Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira da UNESP
  • António Teodoro Instituto Paulo Freire Portugal e membro do Conselho de Assessores internacionais do Instituto Paulo Freire de São Paulo
Abstract views: 395 / PDF downloads: 160

Keywords:

Esfera Pública, Estado, Formação de Professores, Políticas Públicas

Abstract

Num contexto de mudanças amplas e céleres nos mundos do trabalho e da cultura, como se situam os professores frente às normas que regulam sua formação? Ao discutirmos esta questão, propomo-nos a colaborar com os debates sobre as políticas públicas, especialmente aquelas diretamente relacionadas à formação de professores de Ciências que atuam em determinada região no interior da Bahia, desvelando fatores que constrangem ou impedem a ação dos professores na configuração dessas políticas e apontando para outras possibilidades de formação docente. Para tanto, utilizamo-nos de dados de pesquisas acadêmicas, documentos, legislação e entrevistas realizadas com 15 docentes. Para a análise, apoiamo-nos em referenciais críticos, particularmente na teoria social de Habermas. Foi possível relevar a ausência do Estado em determinados aspectos da formação desses profissionais, bem como sua presença incisiva e sufocante em outros. A participação restrita dos docentes, como grupo afetado, na produção das políticas de formação demonstra que a integração social não tem se fundamentado na comunicação, mas em processos não linguísticos, principalmente por meio do poder estatal que abriga os ditames do sistema econômico. Finalizamos o texto, chamando a atenção para as possibilidades apresentadas pelo conceito de esfera pública para o apontamento de novas possibilidades formativas.

Downloads

Download data is not yet available.

References

ADORNO, T. W. Teoria da Semicultura. Educação e Sociedade, Campinas, n. 56, ano XVII, p. 388-411, 1996.
AFONSO, A. J. Reforma do Estado e políticas educacionais: entre a crise do Estado-nação e a emergência da regulação supranacional. Educação e Sociedade, Campinas, ano XXII, n. 75, p. 15-32, ago. 2001.
APPLE, M. W. W. Educação e poder. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
APPLE, M. W. W. Conhecimento oficial: a educação democrática em uma era conservadora. Petrópolis: Vozes, 1997.
AZEVEDO, J. Sistema educativo mundial: ensaios sobre a regulação transnacional da educação. Vila Nova de Gaia: Fundação Manoel Leitão, 2007.
BALL, S. J. HYPERLINKDiretrizes políticas globais e relações políticas locais em educação. Currículo sem Fronteiras, v. 1, n. 2, p. 99-116, jul.-dez. 2001. Disponível em: . Acesso em: 2 fev. 2008.
CARR, W.; KEMMIS, S. Teoría crítica de la enseñanza: la investigación-acción en la formación del profesorado. Barcelona: Martinez Roca, 1988.
CHAPANI, D. T. Políticas públicas e história de formação de professores de Ciências: uma análise a partir da teoria social de Habermas. Tese (doutorado). Faculdade de Ciências. Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho”. Bauru, 2010.
CHAPANI, D. T.; ORQUIZA de CARVALHO, L. M. Possibilidades de ação comunicativa na trajetória formativa de professores de ciências. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM ENSINO DE CIÊNCIAS, 6, Florianópolis, Atas… Florianópolis: ABRAPEC, 2007. Disponível em . Acessado em 20 dez 2009.
CHAPANI, D. T.; ORQUIZA de CARVALHO, L. M. Considerações a respeito do conceito de formação (profissional) e de suas representações entre professores de Ciências. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM ENSINO DE CIÊNCIAS, 7, Florianópolis, Atas… Florianópolis: ABRAPEC, 2009. Disponível em . Acessado em: 20 dez. 2009.
DALE, R. Globalização e educação: demonstrando a existência de uma “cultura educacional mundial comum” ou localizando uma “agenda globalmente estruturada para a educação”? Educação e Sociedade, v. 25, n. 87, p. 423-460, maio/ago. 2004.
DEUTSCH, R. J. Ciências, ética e ação comunicativa: a prática pedagógica realizada no contexto da escola. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Tese (doutorado em Educação) – UNISINOS, São Leopoldo, 2005.
DIAS, R. E.; LOPES, A. C. Competências na formação de professores no Brasil: o que (não) há de novo. Educação e Sociedade, Campinas, v. 24, n. 85, p. 1155-1177, dez. 2003. Disponível em: . Acesso em: 28 jun. 2009.
DIAZ-BARRIGA, A. D.; ESPINOSA, C. I. El docente en las reformas educativas: sujeto o ejecutor de proyetos ajelos. Revista Iberoamericana de Educación, n. 25, p. 17-41, enero-abril 2001. Disponível em: . Acesso em: 3 jul. 2006.
EFKEN, K. H. O Estado democrático de direito na perspectiva de Jürgen Habermas. Tese (doutorado em Filosofia) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.
EVANGELISTA, O.; SHIROMA, E. O. Professor: protagonista e obstáculo da reforma. Educação e Pesquisa, v. 33, n. 3, p. 531-541, set.-dez. 2007.
FREITAS, H. C. L. Formação de professores no Brasil: 10 anos de embate entre projetos de formação. Educação e Sociedade, v. 23, n. 80, p. 136-167, set. 2002.
FREITAS, H. C. L. A (nova) política de formação de professores: a prioridade postergada. Educação e Sociedade, v. 28, n. 100 – Especial, p. 1203-1230, out. 2007.
GARCIA, B. Z. A construção do projeto político-pedagógico da escola pública na perspectiva da teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas. Dissertação (mestrado) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.
GIROUX, H. Os professores como intelectuais. Porto Alegre: Artmed, 1997.
GOERGEN, Pedro. Prefácio. In: SGRÓ, Margarita. Educação pós filosofia da história: racionalidade e emancipação. São Paulo: Cortez, 2007. p. 11-20.
GONÇALVES, Maria Augusta Salin. Teoria da ação comunicativa de Habermas: possibilidades de uma ação educativa de cunho interdisciplinar na escola. Educação e Sociedade, Campinas, ano XX, n. 6, p. 125-140, abr. 1999.
HABERMAS, J. Mudança estrutural na esfera pública: investigações quanto a uma categoria de sociedade burguesa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
HABERMAS, J. A nova intransparência: a crise do estado de bem-estar social e o esgotamento das energias utópicas. Novos Estudos CEBRAP, n. 18, p. 103-114, set. 1987.
HABERMAS, J. Soberania popular como procedimento. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 26, p. 100-113, mar. 1990.
HABERMAS, J. Teoría de la acción comunicativa I: racionalidad de la acción y racionalización social. 3. ed. Madri: Taurus, 2001.
HABERMAS, J. Teoría de la acción comunicativa II: crítica de la razón funcionalista. 4. ed. Madri: Taurus, 2003.
HABERMAS, J. A ética da discussão e a questão da verdade. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
LEVIN, B. An epidemic of education policy: What can we learn for each other. Comparative Education, v. 34, n. 2, p. 131-142, 1998.
LONGHI, A. J. A ação educativa na perspectiva da teoria do agir comunicativo de Jürgen Habermas: uma abordagem reflexiva. Tese (doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.
LOPES, A. C. Políticas de currículo: mediação por grupos disciplinares de ensino de Ciências e Matemática. In: LOPES, Alice Casemiro; MACEDO, Elizabeth (Org.). Currículo de Ciências em debate. Campinas: Papirus, 2004. p. 45-76. (Coleção Magistério: formação e trabalho pedagógico).
LOPES, A. C. Política de currículo: recontextualização e hibridismo. Currículo sem Fronteiras, v. 5, n. 2, p. 50-64, jul./dez. 2005. Disponível em: . Acesso em: 26 dez. 2008.
LUBENOW, J. A. A categoria de esfera pública em Jürgen Habermas. Tese (doutorado) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.
MEDEIROS, A. M. S. Formação de professores sob a perspectiva da teoria crítica e das políticas educacionais. Educação e Linguagem, São Paulo, ano 8, n. 11, p. 195-210, jan.-jun. 2005.
MÜHL, Eldon Henrique. Racionalidade comunicativa e educação emancipadora. Tese (doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.
ORQUIZA DE CARVALHO, L. M. A educação de professores como formação cultural: a constituição de um espaço de formação na interface entre a universidade e a escola. Tese (livre-docência) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Ilha Solteira, 2005.
PRESTES, N. H. Educação e racionalidade: conexões e possibilidades de uma razão comunicativa na escola. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 1995
RAZERA, J. C.; CHAPANI, D. T.; DUARTE, A. C. S. Discursos de professoras de Ciências em trajetória de formação profissional: entre as experiências de docência leiga e formal. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM ENSINO DE CIÊNCIAS, 7, 2009. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Atas… Florianópolis: ABRAPEC, 2009. Disponível em . Acessado em 10 dez. 2009.
SANTOS, L. L. C. P. A implementação de políticas do Banco Mundial para a formação docente. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 111, p. 173-182, dez. 2000.
SCOCUGLIA, A. C. Globalizações, política educacional e pedagogia contra-hegemônica. In: TEODORO, António (Org.). Tempos e andamentos nas políticas de educação: estudos iberoamericanos. Brasília: Líber Livro/CYTED, 2008. p. 39-62.
SGRÓ, M. Educação pós filosofia da história: racionalidade e emancipação. São Paulo: Cortez, 2007.
SILVA, F. C. Espaço público em Habermas. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2002. (Série: Estudos e Investigações, n. 26).
SILVA, S. M. Diretrizes curriculares nacionais e a formação de professores: flexibilização e autonomia. Tese (doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.
TEDESCO, Juan Carlos. O novo pacto educativo: educação, competitividade e cidadania na sociedade moderna. São Paulo: Ática, 2004.
TEODORO, A. A construção política da educação: Estado, mudança social e políticas educativas no Portugal contemporâneo. Porto: Edições Afrontamento, 2001.
TEODORO, A. Globalização e educação: políticas nacionais e novos modos de governação. São Paulo: Cortez/Instituto Paulo Freire, 2003 (Coleção Prospectiva, v. 9).
TEODORO, A. (Org.). Tempos e andamentos nas políticas de educação: estudos iberoamericanos. Brasília: Líber Livro/CYTED, 2008.
TOMMASI, L.; WARDE, M. J.; HADDAD, S. (Org.). O Banco Mundial e as políticas educacionais. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
TORRES, C. A. The state, privatization and educational policy: A critique of neo-liberalism in Latin America and some ethical and political implications. Comparative Education, v. 38, n. 4, p. 365-385, nov. 2002.
TORRES, C. A. (Org.). Teoria crítica e sociologia política da educação. São Paulo: Cortez/Instituto Paulo Freire, 2003. p. 104-144. (Biblioteca Freiriana, v. 6).
VIEIRA, S. L. Políticas de formação em cenários de reforma. In: VEIGA, Ilma Passos A.; AMARAL, Ana Lúcia (Org.). Formação de professores: políticas e debates. Campinas:

Published

2010-12-18

How to Cite

CHAPANI, D. T.; CARVALHO, L. M. O. de; TEODORO, A. Políticas de formação docente na Bahia: Uma análise a partir de pressupostos da teoria social de Habermas. Formação Docente – Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação de Professores, [S. l.], v. 2, n. 3, p. 66–85, 2010. Disponível em: https://mail.revformacaodocente.com.br/index.php/rbpfp/article/view/19. Acesso em: 27 nov. 2024.

Issue

Section

Articles